Santa Catarina tem maior alta de casos da Covid-19 desde o início da pandemia
Foram 4,8 mil confirmações em 24h, superando os picos registrados no fim de agosto; Florianópolis passa a figurar como região mais crítica, mesmo com menos casos que Joinville
O boletim epidemiológico desta terça-feira (10) apresenta um dos números mais críticos desde o início da pandemia do novo coronavírus em Santa Catarina. Foram confirmados 4.886 casos em 24h, a maior alta diária até então, ultrapassando os 4.712 casos confirmados no dia 29 de agosto.
A informação da Secretaria de Estado da Saúde é que a alta trata-se de um reflexo das aglomerações que ocorreram nas últimas semanas, sem outras influências, como mudanças nos dados computados ou a contabilização de uma grande remessa de testes para o Lacen (Laboratório Central de Santa Catarina).Além desta data, só houve uma alta significativa, registrada no dia 31 de agosto, que ocorreu em virtude de problemas técnicos nos bancos de dados e contabilizou mais de 30 mil confirmações em um só boletim.
A profissional da saúde também afirma que as aglomerações “certamente tiveram uma influência muito grande” nesse dado. Trata-se de um reflexo do comportamento registrado nos feriados, simbolizados, por exemplo, pelos vídeos e fotos de aglomerações na Praia do Rosa no primeiro dia de novembro.
Baixo índice de isolamento social
Segundo a plataforma In Loco, que mapeia 1,5 milhão de catarinenses via smartphone, 37,7% da população cumpre o isolamento social, refletindo o comportamento de segunda (9). O índice supera a média nacional, de 37%, e deixa o Estado na 13ª posição no ranking do quesito.
O maior número de casos ainda é em Joinville, que concentra mais de 25 mil casos, mas a Capital segue logo atrás, beirando 24 mil casos, e já tendo o entorno da Grande Florianópolis considerado o epicentro da nova onda para alguns especialistas.
Confira os municípios com mais casos:
- Joinville: 25.484
- Florianópolis: 23.999
- Blumenau: 15.864
- São José: 13.753
- Palhoça: 9.737
- Itajaí: 9.421
- Balneário Camboriú: 9.055
- Criciúma: 8.875
- Chapecó: 8.076
- Tubarão: 6.729
Razões para o contágio
Além das campanhas eleitorais, que estimulam a circulação de pessoas nas ruas, a professora Eleonora D’Orsi, que atua no Departamento de Saúde Pública da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), ressalta que outra questão preocupante é a aproximação do verão e da alta temporada.
Mudança no panorama de risco e novas políticas
A alta não estava nas projeções mais pessimistas das autoridades de saúde. A Secretaria de Estado da Saúde deve atualizar o mapa a partir desta quarta-feira (11).
No mapa atual, a região da Grande Florianópolis é a única que está com o sinal vermelho na medição, com risco potencial gravíssimo.
O restante fica com risco grave, o segundo mais crítico da escala, e quatro exceções estão com risco alto, o terceiro da escala: Meio-Oeste, Oeste, Alto Uruguai Catarinense e Carbonífera.
Mais casos, menos leitos
Em ascensão, o índice de ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) bateu 70,3% do boletim desta terça (10). São 995 leitos ocupados de um total de 1.416 ativos, sendo 321 ocupados por pacientes com suspeita ou confirmação da Covid-19.
Nesse contexto, apesar de serem 421 leitos livres, quatro unidades estão com todos os seus leitos lotados:
- Hospital Regional do Alto Vale, em Rio do Sul
- Hospital Regional Helmuth Nass, em Biguaçu
- Materno Infantil de Santa Catarina, em Criciúma
- Maternidade Darcy Vargas, em Joinville
Somente o primeiro possui um paciente da Covid-19, ao passo que todos os outros sofrem com lotação em virtude dos 674 pacientes que estão internados com outras enfermidades.
O fenômeno pode ser explicado, em alguns casos, por liberações das cirurgias eletivas, que ficaram represadas há meses com decretos estaduais e municipais.
- Capa: Aglomerações registradas em contexto de feriados e grande fluxo de pessoas são consideradas o principal fator para a alta, segundo especialistas da Secretaria de Saúde – Foto: Reprodução/TikTok
Fonte: Eduardo Vargas, ND+