Em 32 órgãos públicos federais, há mais vagas do que servidores
Em termos absolutos, a situação mais crítica é no INSS, que tem 20,3 mil funcionários e 22,1 mil postos vagos
A falta de servidores faz com que os órgãos tenham dificuldade para cumprir sua missão legal. Sem pessoal suficiente, os profissionais precisam acumular funções e dispõem de menos tempo para aplicar a cada tarefa, ou as unidades precisam cortar serviços.
O professor do departamento de Administração da Universidade de Brasília Francisco Antônio Coelho Júnior aponta que o correto seria haver um “dimensionamento da força de trabalho”. “Esse dimensionamento considera a proporção entre o número de servidores efetivos perante a quantidade de trabalho que precisa ser feita”, explicou. A partir daí, seria possível identificar qual o quantitativo ideal, sem que haja falta ou sobra de pessoal.
“O que temos observado é que, com a ausência de concurso públicos para determinadas áreas, esse dimensionamento acaba sendo prejudicado, porque pessoas estão se aposentando e não está havendo a renovação”, explicou. “Enquanto falta em alguns, tem outros órgãos públicos que podem ter excesso de contingente.”
Um dos órgãos que sofre com a falta de pessoal é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). Nesse caso, o governo Bolsonaro é criticado por sucatear intencionalmente a fiscalização ambiental.
“Tem que se fazer diferença entre o que é política de governo e o que é política de estado. Política de governo tem interesses que são legítimos, mas a gente precisa sempre levar me conta o real interesse da administração pública”, alerta o professor.
Entre os órgãos com mais vagas desocupadas do que servidores, estão os comandos das três forças militares, o Exército, a Força Aérea e a Marinha. Eles foram questionados sobre os prejuízos causados pela falta de pessoal.
O INSS, por sua vez, disse apenas que “o último edital para concurso foi publicado em 2015. A estimativa é de que em 2021 seja concluído o dimensionamento e planejamento de recursos humanos de médio e longo prazo do INSS, o que permitirá a programação de concursos a partir de 2022”.
As demais forças não responderam até o fechamento desta edição, assim como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também está nessa situação.
- Capa: Rafaela Felicciano, Metrópoles
Fonte: Lucas Marchesini, Metrópoles