
Grito dos Excluídos marca presença no 7 de Setembro em Florianópolis
Marcado pela diversidade, manifestação denuncia descaso do governo com a população
A comemoração 7 de setembro teve função meramente eleitoreira em Brasília e no Rio de Janeiro. Após se apropriar indevidamente da data histórica do Bicentenário da Independência, Bolsonaro, sequer referenciou a data impar e muito menos fez menção ao coração de Dom Pedro, que ao chegar no Brasil ganhou recepção de chefe de Estado.
Normalmente a tribuna de honra é compartilhada pelos chefes dos três poderes, parlamentares ou chefes de Estado. O único chefe de Estado presente no ato era o presidente de Portugal, Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, que mais uma vez foi constrangido ao ser “substituído” por Luciano Hang, o véio da Havan, como destaque no palanque.
Bolsonaro mais uma vez usou dos aparatos e estruturas bancado com dinheiro público para se promover. Essa tática é de uso recorrente do presidente, que frequentemente aproveita da Marcha para Jesus e outros eventos para cooptar o público presente e chamar de seu.
O discurso vazio do presidente foi mais do mesmo. Negando os problemas sociais explícitos do cotidiano da população, Bolsonaro apelou mais uma vez para o pânico moral e as ameaças conspiratórias e messiânicas do bem contra o mal e a tão desvairada ameaça comunista.
Em Florianópolis, a Dia da Independência começou com o desfile cívico-militar na Beira Mar Continental. Ao termino do evento simpatizantes do presidente rumaram para a Beira Mar Norte, onde se concentravam outros apoiadores de Bolsonaro. As pessoas presentes na manifestação não representavam em nada a maioria do povo brasileiro. Em sua grande maioria eram brancos, entre 40 e 60 anos, de classe média/alta e com cartazes alusivos aos ideais repetidamente difundidos pelo bolsonarismo.
Grito dos Excluídos
Em contraponto ao tradicional desfile e da homogênea manifestação pró-governo, o Grito dos Excluídos deu o tom no centro da capital. Em menor número, é verdade, mas tão barulhento quanto, os manifestantes mostravam a diversidade e gritavam palavras de ordem denunciando o descaso do Governo com a maioria da população. Brancos, negros, pardos e indígenas exigiam medidas sociais efetivas para a minoria apartada do conto de fadas conservador vivenciado e defendido pelos apoiadores de Bolsonaro.
Muitos estão com fome, alguns sem ter onde morar, inúmeros sem emprego formal…precisamos repensar nossa “independência”!
Capa: José Andrade