As últimas semanas mostraram que a pressão organizada funciona. A mobilização nacional contra a proposta já arrancou a retirada formal das assinaturas de muitos deputados. A PEC começou com 171 apoiadores; hoje, 31 parlamentares já pularam fora dessa reforma administrativa que ataca diretamente o serviço público e os direitos do povo. É um avanço importante — mas ainda insuficiente: são necessárias 86 retiradas formais para enterrar de vez essa ameaça.
Enquanto isso, Hugo Motta sinalizou que pode tentar uma manobra regimental para apensar a PEC 3Oitão à antiga PEC 32/20, de Bolsonaro-Guedes, levando o texto diretamente à votação em plenário, sem debate. A meta é clara: aprovar a toque de caixa uma proposta que precariza, fragmenta e privatiza os serviços públicos.
De um lado, vemos centrais, sindicatos e servidores ocupando aeroportos, a Câmara e os escritórios regionais dos deputados, dialogando com a população e explicando o que está em jogo. De outro, uma parte do Congresso busca atalhos regimentais para aprovar, na correria, um texto rejeitado pela categoria e pela população.
Enquanto isso, Hugo Motta sinalizou que pode tentar uma manobra regimental para apensar a PEC 3Oitão à antiga PEC 32/20, de Bolsonaro-Guedes, levando o texto diretamente à votação em plenário, sem debate. A meta é clara: aprovar a toque de caixa uma proposta que precariza, fragmenta e privatiza os serviços públicos.
De um lado, vemos centrais, sindicatos e servidores ocupando aeroportos, a Câmara e os escritórios regionais dos deputados, dialogando com a população e explicando o que está em jogo. De outro, uma parte do Congresso busca atalhos regimentais para aprovar, na correria, um texto rejeitado pela categoria e pela população.
🏛️ Carreiras, saúde e condições de trabalho
Enquanto a categoria se desdobra para barrar a PEC 3Oitão, o governo federal encaminhou ao Congresso o PL 6170/25, que propõe uma ampla reorganização nas carreiras do Executivo. O projeto cria a carreira transversal de Analista Técnico do Poder Executivo (ATPE), unificando parte dos cargos do PGPE e do PST. Alguns setores — como MEC, Cultura e Funai — conquistaram melhorias salariais, fruto direto de greves e mobilizações.
Mas o texto mantém exclusões gritantes: aposentados, servidores dos níveis auxiliar e intermediário e parte dos analistas foram simplesmente deixados de lado. Além disso, a proposta foi construída sem diálogo efetivo com a Condsef/Fenadsef, revelando a face arbitrária e seletiva do processo.
No discurso, fala-se em "modernização da gestão de pessoas"; na prática, vemos um modelo tecnocrático que escolhe quem merece ser valorizado e quem continua relegado à periferia do Estado.
📎 Veja também: PL do governo amplia desigualdade no setor público
Essa disputa sobre o tipo de Estado que queremos também se revela, de forma dolorosa, na realidade de quem carrega as marcas do abandono estatal — como os trabalhadores da ex-Sucam. Uma nova manifestação enviada à OIT atualiza denúncias de violações às Convenções 155 e 170 e cobra do governo brasileiro um posicionamento à altura da gravidade do problema. Falamos de trabalhadoras e trabalhadores que passaram décadas expostos a agentes químicos, adoecendo e morrendo mais cedo por terem servido ao Estado em campanhas de saúde pública.
Nos hospitais universitários, trabalhadores e trabalhadoras da Ebserh seguem na luta. Acontece nesta semana, em Brasília, a Plenária Nacional Extraordinária da Ebserh, reunindo representantes de todo o país para discutir o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), o andamento do PCCS, questões previdenciárias e o teletrabalho.
A plenária celebrou uma importante vitória no Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu o cálculo do adicional de insalubridade com base no salário-base para empregados admitidos antes de julho de 2019. A categoria segue mobilizada pela revogação da Resolução 88, lutando para estender esse direito a todos os empregados, com isonomia e respeito.
🤝 Sindicalização em alta, serviço público federal em alerta
Pesquisas recentes mostram que a taxa de sindicalização no Brasil voltou a crescer, e uma parcela maior da classe trabalhadora volta a reconhecer o sindicato como espaço legítimo de defesa de direitos, negociação e proteção frente aos abusos.
Mas, no serviço público — especialmente no Executivo Federal, onde está a base do Sintrafesc — a realidade é outra. A máquina pública encolheu, envelheceu e segue sob ataque. Há menos servidoras e servidores na ativa, mais aposentados e pensionistas, e uma sucessão de reformas, congelamentos e cortes que comprimem salários, carreiras e condições de trabalho.
Em muitos órgãos, a reposição por concurso não acompanha o ritmo das aposentadorias, gerando sobrecarga e precarização no atendimento à população.
Esse cenário torna o papel de sindicatos gerais, como o Sintrafesc, ainda mais essencial. Nossa entidade não representa apenas quem está hoje na linha de frente do atendimento; ela também ampara quem já se aposentou e segue dependendo do sindicato para assegurar direitos e reparações, quem enfrentou condições de trabalho que deixaram marcas e adoecimentos, quem atua em diferentes áreas do serviço público sob vínculos cada vez mais pressionados e também quem está ingressando agora na administração pública, muitas vezes cercado de incertezas, fragilidades contratuais e menos garantias do que tinham as gerações anteriores.
Quando defendemos carreira, salário, saúde, ACT, PCCS, reparação e concurso público, defendemos a própria existência de um serviço público de qualidade para toda a população.
Entre um Estado que corta direitos e um Estado que garante políticas públicas, não existe neutralidade. Cada filiação é, na prática, um voto de confiança na luta coletiva. É ela que permite que a gente continue atuando: nos tribunais, no Congresso, nas mesas de negociação e nas ruas.
A trincheira das servidoras e dos servidores públicos é a organização coletiva — e é nela que a gente segue, sempre na luta, até derrotar a PEC 3Oitão ou qualquer projeto de desmonte do serviço público.
