A Marcha da Classe Trabalhadora, que ocupou a Esplanada dos Ministérios no dia 29 de abril, contou com a participação expressiva de servidores públicos federais, estaduais e municipais, além de trabalhadores do setor privado e do campo. Unificados sob o lema "Valorização para quem faz o Estado", representantes da CUT e demais centrais sindicais entregaram ao presidente Lula uma pauta de reivindicações construída de forma coletiva.
Entre os principais pontos estão: redução da jornada de trabalho sem redução de salários, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, fim da escala 6x1, taxação dos super-ricos e a regulamentação da Convenção 151 da OIT.
Para os servidores públicos das três esferas, destacam-se a defesa intransigente do Regime Jurídico Único (RJU), o fim do confisco das aposentadorias e a rejeição à PEC 32 – Reforma Administrativa, que ameaça ampliar terceirizações e retirar direitos. A equiparação de benefícios entre os Três Poderes, como o auxílio-alimentação, também foi ressaltada como pauta prioritária.
Atos em Santa Catarina reforçam a luta no 1º de Maio
Em diversas cidades catarinenses, o 1º de Maio foi celebrado com atos políticos e manifestações culturais. Em Chapecó, houve panfletagens abordando a urgência do fim da escala 6x1. Joinville concentrou as ações na defesa da redução da jornada de trabalho e da isenção do IR. Em Rio do Sul, trabalhadores receberam materiais informativos e brindes, promovendo diálogos sobre os direitos da classe trabalhadora.
Na Grande Florianópolis, os trabalhadores se concentraram na Escola América Dutra e seguiram em marcha até a Beira-Mar de São José, onde um pavilhão foi estruturado e diversos sindicatos montaram suas tendas e estenderam suas bandeiras. Centenas de pessoas passaram pelo local que também contou com brinquedos e atividades para as crianças, reforçando o caráter familiar e comunitário do evento.
A programação cultural iniciou com as apresentações de oesias faladas de forte impacto social do grupo de rap Slam Cruz e Sousa, além, do tradicional Boi de Mamão, símbolo da cultura popular catarinense.
A programação seguiu com o palco ocupado pelo Teatro das Madalenas na Luta, grupo que integra o GTO-SC (Grupo de Teatro do/a Oprimido/a) e a EsTePo (Escola de Teatro Político). Criado no Sintrafesc, o grupo é formado por membros do movimento sindical (Sintrafesc, SINTESPE e outros) e de organizações populares da Grande Florianópolis. Com uma proposta que alia arte à formação política, o grupo realiza oficinas abertas à comunidade. Nessas atividades, a conjuntura política é debatida a partir de fundamentos teóricos sobre o mundo do trabalho, integrando esse conteúdo à expressão sensível do corpo e das emoções.
A peça apresentada no 1º de Maio, "Somos 99% contra 1%", surgiu das oficinas realizadas em abril. A encenação propôs uma reflexão crítica sobre a desigualdade social no capitalismo, relacionando os conflitos atuais do mundo do trabalho às origens históricas da data. Além de estimular o protagonismo da classe trabalhadora, a peça incentivou a participação ativa do público – marca do Teatro do Oprimido como instrumento de transformação social.
Encerrando a celebração com energia contagiante, o grupo Africatarina incendiou o público com sua percussão afro-brasileira, promovendo um vibrante momento com a valorização da cultura negra. O dia terminou com a apresentação das mulheres rappers da Batalha das Minas, que ecoaram versos de resistência e empoderamento.
Mobilização segue firme: a luta não terminou
As mobilizações demonstram a força da união da classe trabalhadora e os avanços conquistados não podem ser desprezados. No entanto, é preciso manter a luta e a vigilância constante. O desmonte do Estado segue como pauta prioritária de setores poderosos, e a PEC 32 – símbolo dessa ofensiva – continua viva no Congresso Nacional, tramitando com o apoio declarado de parte significativa da classe política, da grande imprensa, do mercado financeiro e de representantes da iniciativa privada.
Esses grupos compartilham o objetivo de transformar direitos sociais em mercadorias e enfraquecer o serviço público, subordinando o interesse coletivo à lógica irracional do lucro. Insistem na narrativa falaciosa de "modernização" e da "eficiência" como justificativas para precarizar o que é de todos. Na realidade, buscam apenas maximizar seus lucros às custas dos direitos dos trabalhadores e da qualidade dos serviços oferecidos à população.
Sigamos firmes na resistência em defesa dos direitos e da dignidade da classe trabalhadora!
Sintrafesc – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina